domingo, 8 de julho de 2012

GAROTA DE IPANEMA, A CANÇÃO, FAZ 50 ANOS

Por: Thomas Viniguerra
Antes de 1962, se alguém pensasse em coisas da América do Sul, certamente não iria muito além de repúblicas de banana, fugitivos nazistas e Carmen Miranda. Isso mudou 50 anos atrás, quando uma deusa alta, de corpo dourado, jovem e adorável nasceu.

Ela era a "Garota de Ipanema

 Helô Pinheiro

Assim como um punhado de outros sucessos internacionais ("Day-O" na Jamaica, "Down Under" na Austrália), "Garota de Ipanema" basicamente pôs no mapa o caráter de um país inteiro. Nesse caso, a terra era o Brasil, o gênero a bossa nova, e a atmosfera inigualavelmente exótica e elusiva: um coquetel dos trópicos que seduz como "um doce balanço".

Na época, a bossa nova não era exatamente desconhecida nos Estados Unidos, como mostra o sucesso "Desafinado", do álbum "Jazz Samba" de Stan Getz e Charlie Parker, lançado em 1962 e vencedor do prêmio Grammy. Mas "Garota de Ipanema" foi algo completamente diferente. Ela não só foi um dos últimos suspiros da era pré-Beatles, mas também a síntese de toda uma cultura.

"Para um leigo, 'Garota de Ipanema' soa como uma 'canção agradável'", diz o guitarrista e diretor de música brasileiro-americano Manny Moreira. "Mas, para um ouvido treinado, ela é a perfeição."

No meio século que se passou desde que foi criada, "Garota de Ipanema" tornou-se inescapável. Segundo a revista "Performing Songwriter", ela é a segunda canção pop mais gravada de todos os tempos, atrás apenas de "Yesterday", dos Beatles. Sammy Davis Jr. cantou-a em "Jeannie é um Gênio"; ela é parte do repertório dos Yale Whiffenpoofs, um grupo musical de estudantes que existe desde 1909.

E, sim, ela vive sendo pausada, tocada aqui e ali em lojas de varejo e coquetéis de segunda classe, e cedo ou tarde suas notas suaves vêm nos acariciar. No clímax dos "Irmãos Cara de Pau" (Blues Brothers), aquele filme dos anos 80, centenas de policiais de armas em punho e outras autoridades espalhafatosas perseguem John Belushi e Dan Aykroyd, enquanto eles andam calmamente de elevador na prefeitura de Chicago, embalados pela versão instrumental da canção.

Não há dúvida de que ela é arte para sempre. Mas por que?

Uma razão é a garota da música, a personificação da beleza e da sensualidade inacessíveis: "Mas, todo dia, quando ela caminha para o mar/Ela olha para frente, não para mim", diz a letra da versão em inglês, escrita por Norman Gimbel.

É a história mais antiga do mundo", diz ele. "A garota linda passa e os homens surgem dos buracos, caem das árvores e assobiam malucos, enquanto ela simplesmente continua andando. Isso é universal."

Assim pensaram cinco décadas atrás o compositor Antônio Carlos Jobim e o poeta Vinícius de Moraes. Empacados na composição de um número para um musical chamado "Blimp", eles procuraram inspiração no Veloso, um bar perto da praia no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro. Lá, eles se lembraram de uma adolescente local, uma morena de olhos verdes e 1,73 metro de altura, que eles viam sempre caminhando para a praia ou entrando no bar para comprar cigarros para a mãe dela. E então eles transformaram a visão em música.

Interpretada originalmente pelo popular cantor Pery Ribeiro (que morreu em fevereiro passado), "Garota de Ipanema" foi bem o bastante no seu próprio país. Aí o editor de música americano Lou Levy pediu a Gimbel que criasse uma versão em inglês. Com Jobim no piano, Stan Getz no saxofone, João Gilberto no violão e vocalistas brasileiros, e a mulher de Gilberto, Astrud, fazendo o vocal em inglês, a versão americana foi composta para o álbum "Getz/Gilberto" em março de 1963.

Embora a voz macia de Gilberto dê o tom para a canção, é a interpretação da sua esposa em inglês que até hoje cativa. Em todos os aspectos, não deveria. Pois, apesar de Astrud falar a língua, sua interpretação decididamente é pouco lapidada. "Antes da gravação, eu nunca havia cantado profissionalmente", diz ela em seu website — e podemos ouvir. Ela enfatiza sempre os sons errados e parece estar recitando os fonemas. Sua primeiríssima palavra, "tall" ("alta" em inglês), soa como "doll" ("boneca").

Contrariando a letra de Gimbel, ela canta: "Ela olha para frente e não para ele". A letra diz "para mim". "A Garota de Ipanema" acabou ganhando o prêmio Grammy de canção do ano em 1965 e garantiu sua imortalidade naquele mesmo ano, quando foi revelado que Heloísa era sua inspiradora. Hoje, Helô Pinheiro, ainda atraente aos 66 anos, é uma celebridade no país, feliz de dar entrevistas e posar para fotos. Ao contrário da sua símile etérea, ela se faz presente de fato.

E isso, talvez, seja a razão verdadeira da longevidade da canção: a beleza esquiva e mítica — o sonho impossível — acabou sendo tão real quanto eu ou você.
Clique no link, para ouvir:

8 comentários:

  1. Para investir ou para morar, Triunfo é o lugar.Só falta a praia com uma mulher dessa!

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    1. Essa moça saindo da praia de biquini tem as aparências de Riva Mariz de Triunfo-Pe

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  2. Triunfo sempre foi reconhecido por sua diversidade cultural.As múltiplas influências que sofremos das mais diversas culturas trazidas pelos estrangeiros que aqui habitaram no passado: portugueses, alemães, italianos, americanos, ingleses, e com quem conviveu-se por muitos anos nos diferenciando de outras sociedades.Terminamos sendo talhados no desafio da dura convivência nessa terra fértil e onde tudo dá, se não existe praia como citado, existe água nas cachoeiras, lagos, bicas, para se virar.Quanto á mulher especial, pode-se desembarcar.

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    2. A música Garota de Ipanema é sucesso internacional até hoje, para quem não sabe ainda.

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  3. Enquanto vivermos de ações governamentais dependentes do Estado e da Nação e não tivermos uma política de desenvolvimento ampla produzida pela administração municipal com improvisos bancados por recursos próprios - os mesmos que são utilizados para comprar apoios familiares e promover assistencialismo - vamos viver sempre a mercê de ajudas nos momentos de crises na gestão incompetente que possuímos.

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  4. QUANTA GOSTOSURA NA BEIRA DA PRAIA.AVE!!!!

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