" AS AMARGURAS DA DOCE RAPADURA"
Antônio Timóteo Sobrinho
Num certo momento do passado, conversando com Dr. Artur Diniz nosso vizinho de residência na Praça da Cadeia ( Praça da Bandeira, Praça Tet. Siqueira Campos, ou ainda Praça Artur Viana ou Praça do Rosário) ele, na sua percepção de Sociólogo, me chamava a atenção sobre a evolução dos engenhos de rapadura de Triunfo. Recomendava: "Precisa ser conduzida uma pesquisa e escrita uma tese sobre o assunto." A pesquisa não foi ainda iniciada, nem a tese escrita. Cabe porem um registro, para que a informação não se perca no tempo.
Na década de cinquenta, eu era criança de dez anos em Triunfo, minha melhor brincadeira era montar nas almanjarras do engenho puxado à bois, pertencente ao meu pai, situado no Sítio Retiro. Creio que, atualmente, já não existe sequer uma almajarra desativada, remanescente para ser fotografada e posta no museu.O munícipio de Triunfo registrava, na época, a existência de 300 engenhos (IBGE, Enciclopédia dos municípios). Santa Cruz da Baixa Verde era distrito de Triunfo. O engenho iniciava a jornada diária há uma hora da manhã, e terminava às nove horas da noite. A maior produção diária não alcançava dez centos de rapadura.
Chegavam os primeiros motores a diesel, para movimentar os engenhos. Major Aprígio e João Capitel foram os pioneiros. Na década de sessenta, o motor diesel disseminou-se. A jornada nos engenhos passou a ser iniciada às cinco da manhã e findar as sete da noite; a produção diária alcançava os quinze centos de rapadura.
Na década de setenta chegou a energia de Paulo Afonso e os motores elétricos. A jornada se adequou à CLT e a produção nos engenhos maiores alcançou os trinta centos diários. Os engenhos, na Serra, foram reduzidos para setenta unidades, embora muitas áreas antes ocupadas com pomares e cafezais tenham sido convertidas em canaviais.
Hoje, não somente os encargos sociais sobre os salários (um engenho requer não menos que vinte operários para funcionar), mas, principalmente, o estímulo à ociosidade e à preguiça, decorrentes da assistência pública governamental para pessoas jovens e sadias, inviabilizam essa atividade agro industrial, que outrora, foi o sustentáculo econômico do município de Triunfo.
Com Aritmética elementar é possível calcular a renda gerada pelos engenhos de rapadura, durante um ano:
A produção diária de trinta centos de rapadura ao preço médio de R$ 70,00, gera por dia R$ 30 x 70 = R$ 2.100,00;
Um engenho em ação 20 dias por mês, durante 5 meses de moagem, resulta em 20 x5 x 2.100,00 = R$ 210.000,00;
Para o município, 70 engenhos vezes R$ 210.000,00 = R$ 14.700.000. Com esse dinheiro circulando a Festa de Dezembro tinha vitalidade.
A política econômica adotada pelos governos recentes e os encargos trabalhistas tem mudado o cenário econômico do nosso município sem oferecer alternativas ocupacionais para os que produzem. Somando-se como amargura vem a seca dizimando os canaviais.
Por: Dr. Antônio Timóteo Sobrinho
Acabou a escravidão. Lembro que os donos de engenhos eram ricos e os trabalhadores não passavam de uma sandália japonesa. Os programas sociais trouxeram liberdade. Abaixo a escravidão.
ResponderExcluirO SONHO DELES É CONSEGUIR UMA MOTO PARA SE DESLOCAREM, POR ISSO QUE JUNTAM DINHEIRO NA LIMPA DA CANA E VOLTAM PARA ESNOBAR SEM QUER MAIS NADA DE TRABALHO, MUITAS DESSAS MOTOS NÃO POSSUEM DOCUMENTAÇÃO, OUTRAS ESTÃO COM LICENCIAMENTO ATRASADO E ALGUMAS FORAM ROUBADAS.
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ExcluirA realidade é muito diferente do que imagina o senhor Ricardo Guerra. Hoje a indisciplina é grande e o proprietário do Engenho não dispõe de mão-de-obra para fazer o fabrico funcionar como antigamente, resultando no desemprego generalizado. Só Deus salva a desgraça implantada pelo famigerado esquema do PT.
ExcluirEssas pessoas que faltam para trabalhar nos engenhos estão fazendo faculdade. Em nossa região foram criadas várias universidades pelo atual governo. Abaixo a escravidão.
ResponderExcluirQue nada...estão tomando cachaça, fumando maconha, baforando crack e roubando nas horas vagas, depois que frequentaram as colheitas ipo do Leme - São Paulo, a realidade é essa.
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ExcluirConheço muito bem essa trajetória. Hoje só nos resta a saudade de um tempo bom vivido dentro de engenho ajudando nosso pai
ResponderExcluirLamento foi-se o engenho do Sr José Pessoa.
ExcluirSério?
ExcluirExcelente registro, amigo Dr. Antônio Timóteo! Parabéns por tão inteligente relato!
ResponderExcluirSeria muito bom se todas as pessoas entendessem o que é a história de um povo e fizessem comentários sensatos.
Gosto muito quando o Dr. Antonio Timóteo, ex-agrônomo do IPA faz suas publicações sensatas neste blog. Parabéns!
ResponderExcluirAcho que o senhor Ricardo Guerra deve ser da capital e não tem conhecimento da história dos engenhos na serra do brejo em Triunfo. O que o senhor António Timóteo( meu irmão) está dizendo é pura verdade. Meu pai, sr Joaquim Timóteo, mais conhecido como Quinca Timóteo, tinha um engenho no sítio São Bento e lá tinha 70 famílias que plantavam mandioca, feijão milho e cana-de-açúcar para fazer rapaduras, batidas, alfenim e mel p o consumo humano. Era como uma reforma agrária para todas essas famílias no sítio, e alem do mais dava 30 vacas para os mesmos tirarem o leite e alimentar seus filhos. Arlinda do sindicato dos trabalhadores é testemunha do que estou relatando aqui. Permita-me dizer aqui que fui senhor de engenho mais novo da serra do brejo com 35 anos, construí um engenho moderno e com capacidade para produção de 60 cargas de rapaduras por dia, e muitos anos fiz igualmente a meu pai, só não dava, vacas, eles ganhavam dinheiro no engenho e compravam vacas e criavam no sítio. hoje tem muitos filhos daqueles que passaram por lá e quiseram estudar se profissionalizaram, dizer que engenho enriquece é ilusão, pergunte a dr Quincas Antas e veja o que ele tem a dizer. O que o governo está fazendo, sou contra com seus programas sociais. Dinheiro não foi feito para dar. Hoje o engenho está desativado, Presidente, Governador! vamos ativá-lo!! Romeu Timóteo
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