quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O LUTO É NACIONAL, PORQUE PERDEU O BRASIL... POR LUIZ SAUL




O luto é nacional, desde Chapecó até Brasília. Sem desconsiderar a solidariedade, pode-se afirmar que tão grave quanto as perdas das vidas podem eventualmente ser os reflexos dos acontecimentos da Esplanada, dentro do plenário da Câmara e fora dele.

Na Praça dos Três Poderes, a barbárie estabeleceu-se de forma coordenada com a forte feição de prévia organização e comando. A posse de coquetéis Molotov, a técnica de guerrilha dos manifestantes em movimentos difusos e geograficamente apartados para dividir a atenção da força policial, uso de capuzes, o incêndio de automóveis e a depredação dos bens públicos, como o quebra-quebra do Ministério da Educação, demonstraram de modo inquestionável o adrede planejamento das ações de vandalismo e de intimidação. 

Embora o verbo depredar se afigure reprovável em qualquer situação, remotamente poder-se-ia compreendê-lo à luz do seu objetivo. Mas, não foi o caso do dia 29/11, em Brasília. Naquela tarde, o plenário da Câmara discutia o combate à corrupção proposto pelas 10 Medidas. Já o pleno do Senado discutia o Teto dos Gastos na presunção de iniciar a recuperação da economia, da credibilidade, da confiança, enfim, do país.
 
No contexto, seria minimamente assimilável se o “movimento” estivesse alinhado contra a perversão e a imoralidade institucionalizada. No entanto, nenhum grito, nenhum carro queimado, vidro quebrado, banheiro incendiado, nenhum coquetel, nenhuma emboscada à força policial. Foi como se os organizadores furtivos, obscuros e prenhes de suspeição de culpas preferissem o outro tema.

Com efeito, o foco da turba centrou-se no conceito impatriota do corporativismo que defende a expansão irresponsável dos gastos públicos como aconteceu nos últimos anos e recentes passos em direção à bancarrota nacional. Era o que se discutia no Senado.

No interior do Congresso, a desvergonha imperou com senadores Lindberg afirmando que “Esses garotos estão sendo massacrados lá fora.”, e Grazziotin propondo levar os baderneiros para as galerias. Aliás, na versão do PT, tudo decorreu da ação de infiltrados da direita, como garantiu a deputada Maria do Rosário que o policial esfaqueado era apenas um infiltrado. A Jandirão seguiu no mesmo rumo, chamando os bandidos de “de menor”.

Enfim, no balanço final do dia ficou assim:
- No Senado, ganhou o Brasil;

- Na Câmara, ganhou o deputado maranhense Wewerton, cuja folha corrida já foi comentada. Ganharam os suspeitos e os já indiciados com a introdução de uma cunha de intimidação aos representantes do Judiciário, e que fatalmente será corroborada pelo Renan;

- Perdeu o Judiciário, que, cavalgando na aprovação popular, assistiu à desfiguração do seu projeto de 10 Medidas Contra a Corrupção, que foi transformado em uma mistura de Mr. Hyde e Dr. Jekill, em certo aspecto parecendo o feitiço contra o feiticeiro; 

- Perdeu o Onix Lorenzoni, relator, novamente vaiado pelos coleguinhas, e que terá que remar para os reconquistar, embora ali tudo se apascente;

- Ganharam os criminosos porque não terão de devolver a fortuna acumulada com propinas; porque o tempo de prescrição dos crimes continuará fluindo com réu foragido; e finalmente porque os partidos não poderão ser punidos por roubo dos seus filiados, e assim o PT se livra da extinção judicial;

- Ao que parece ficou feliz a Marcela Temer porque o carro incendiado pertencia a uma ex-affair do seu marido.
Mas, o luto é nacional porque perdeu o Brasil.


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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